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PT -- CAPÍTULO DEZ -- FULL SPECTRUM DISCLOSURE

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ou
DOMÍNIO DA UNIVERSALIDADE



CAPÍTULO DEZ - Parte 1
A Revolução nos Assuntos Militares’ de Yoda
‘Desde a década de 1980, Marshall promoveu uma ideia apresentada em 1982 pelo Marechal Nikolai Ogarkov, então chefe do Estado Maior Soviético, chamado RMA, ou 'Revolução nos Assuntos Militares’.
                                                                                                   - citação de um colega do Pentágono de Andrew Marshall (1)
Terminar secretamente a era do MAD
A ‘Revolução nos Assuntos Militares/'Revolution in Military Affairs’, estabelecida no Afeganistão e no Iraque depois de 2001, foi uma consequência das sementes plantadas décadas antes, durante a tumultuosa era de Nixon. Quando as poderosas elites financeiras dos EUA e seu pequeno círculo de planeadores estratégicos começaram a avaliar o desastre da Guerra do Vietname, concentraram-se no desenvolvimento de métodos alternativos para garantir o futuro do Século Americano.
No início da década de 1970, a política dos Estados Unidos em relação à possibilidade de usar a capacidade de ‘First Strike’ nuclear contra a União Soviética, havia mudado consideravelmente. Nixon, apoiado pelo antigo Conselheiro da Segurança Nacional, Henry Kissinger, um protegido da família Rockefeller, iniciou a transição do equilíbrio de terror da Guerra Fria, Destruição Mútua Garantida ou MAD. Nixon estava determinado a obter a supremacia nuclear global.
A Crise dos Mísseis Cubanos, de Outubro de 1962, durante o governo Kennedy, levou o mundo à distância de um cabelo, da aniquilação nuclear. Segundo todos os relatos idóneos, foi um dos períodos mais perigosos da História Mundial. Os russos estavam a instalar ogivas nucleares em Cuba por via marítima; o capitão de navio russo tinha ordens de usar o seu discernimento para lançar a carga nuclear que transportava, no caso de interdição pelas Forças Armadas AmericanasNo momento da interdição, ele decidiu não lançarDurante vários anos após este grave confronto nuclear, o mundo pareceu afastar-se do que o Secretário de Estado, John Foster Dulles, designou como Brinksmanship nuclear. 
No entanto, dentro dos mais poderosos círculos políticos e militares dos EUA, a marcha dos EUA para a Supremacia Nuclear - uma capacidade nuclear inexpugnável contra a URSS - havia começado bem antes de George W. Bush se tornar Presidente.

Em 11 de Junho de 1962, o Secretário da Defesa, Robert S. McNamara, declarou que os “. . . os principais objectivos militares, em caso de guerra nuclear ... devem ser a destruição das forças militares do inimigo. ”(2) Como um antigo colaborador de McNamara explicou sem rodeios,“não poderia haver retaliação primária contra alvos militares após um ataque inimigo. Se vai atirar contra mísseis, está a falar de ‘First Strike’. (3)
‘Counterforce’, como foi apelidado pelo Pentágono, significava a destruição de todos os mísseis nucleares do adversário mesmo antes de serem lançados. A Defesa de Mísseis Balísticos/Ballistic Missile Defense(BMD) desenvolveu-se a partir deste período de planeamento do Pentágono. BMD seria o sistema que poderia ‘limpar’ os poucos mísseis soviéticos que ainda não teriam sido atingidos. A BMD era vista como essencial para tornar credíveis e viáveis os planos dos EUA para o First Strike. A capacidade de First Strike era essencial para garantir o papel dos Estados Unidos como o único detentor da supremacia, a única super potência global com poder e autoridade absoluta sobre outras nações.(4)
De 1962 a 1974, a maior parte do mundo permanecia na ilusão equivocada de que os EUA ainda estavam a funcionar sob as regras de Destruição Mútua Assegurada e tanto a URSS como os Estados Unidos tinham decidido, após a Crise dos Mísseis Cubanos, que a guerra nuclear era 'impensável', porque destruiria os dois países e era, portanto, impossível um deles vencer o outro. No entanto, durante a década de 1970, estas percepção mudou. Para Richard Nixon e seu Conselheiro da Segurança Nacional, Henry Kissinger, assim como muitos dirigentes do complexo industrial militar dos EUA, a guerra nuclear não era apenas 'pensável', era possível. Estavam determinados a assegurar a Supremacia Nuclear dos EUA.
Em Janeiro de 1974, o Presidente Nixon, entre os escândalos do Watergate que acabariam por destruir a sua Presidência, assinou o Memorando de Decisão da Segurança Nacional 242 (NSDM-242), elaborado pelo Secretário de Defesa, antigo associado da RAND e antigo Director da CIA, James R. Schlesinger.(5) Os EUA estavam a dar tudo por tudo.(6)
Foi Kissinger quem recomendou a Nixon a nomeação de James Schlesinger como Secretário de Defesa. Schlesinger, que, nessa época era um Director da CIA, efémero e controverso, tinha sido analista de armas na RAND Corporation, onde era considerado ‘o mais guerreiro dos guerreiro’ (7), um super falcão entre os falcões. Foi Schlesinger, com o apoio de Kissinger, quem empreendeu o desenvolvimento de programas de armas especificamente com o objectivo de remover os ICBMs soviéticos com sistemas First Strike que não deixariam nenhuma capacidade de retaliação.(8)
No entanto, os problemas tecnológicos para o ‘First Strike’, eram enormes, assim como os custos. Até à década de 1970, o estado da tecnologia nuclear tinha impedido um primeiro ataque sem a aniquilação mútua garantida que tinha sido a base do ‘equilíbrio’ da MAD.(9) Durante a década de 1970, sob a direcção de Schlesinger, foram desenvolvidas novas tecnologias de armas que mudaram essa condicionante. A primeira tecnologia foi a miniaturização de ogivas nucleares que permitiram empacotar dezassete ogivas num cone do nariz do míssil. A segunda, possibilitada pelos avanços da física atómica e dos dispositivos de navegação computadorizados, foi o sistema de satélite NAVSTAR (navegação GPS) no Espaço profundo, que permitiu um enorme aumento na precisão da ogiva (a menos de 15 metros do seu alvo).(10)
Esses dois descobrimentos tecnológicos permitiram, pela primeira vez, dar a possibilidade aos EUA de aplicar um golpe de força  contra os mísseis soviéticos, dispersos largamente em silos reforçados, submarinos e aviões.
O elemento final e essencial para tornar todo o programa viável e operacional continuava a ser o mais difícil: um sistema de Defesa de Mísseis Balísticos (BMD) para remover quaisquer mísseis soviéticos que, de alguma forma, sobreviveriam e poderiam ser lançados contra os alvos nos EUA. (10)
O Plano Marshall de Rumsfeld : A ‘Tecnologia de Ponta’  
Durante a era Nixon, o Pentágono contratou um especialista em ‘think tank’ da RAND que se tornaria o homem mais poderoso da política militar dos EUA na História do país, apesar de permanecer desconhecido para o mundo exterior, quase nunca dava entrevistas e desafiava os seus rivais a fazer tentativas para expulsá-lo. Esse homem foi o Dr. Andrew W. Marshall, Director do Gabinete de Avaliação da Rede/ Office of Net Assessment, do Departamento da Defesa dos EUA, que criou algo designado como ‘Revolução nos Assuntos Militares’.
A melhor definição de Revolução nos Assuntos Militares, ou RMA, como foi apelidada de imediato, nos círculos do Pentágono e de Washington, foi a fornecida pelo próprio Marshall:
Uma Revolução nos Assuntos Militares (RMA) é uma grande mudança na natureza da guerra provocada pela aplicação inovadora de novas tecnologias que, combinadas com mudanças drásticas na doutrina militar e nos conceitos operacionais e organizacionais, altera fundamentalmente o carácter e a condução das operações militares. (11)
Marshall era um homem notável em muitos aspectos. Em 2008, com a idade madura de 86 anos, ele mantinha o seu estatuto único de funcionário público do governo dos EUA, isento das condições usuais de aposentadoria federal. Andrew Marshall era conhecido nos círculos de defesa como 'Yoda', uma referência ao personagem fictício dos filmes de Guerra das Estrelas, o misterioso e extravagante bicho-papão que era o Grão Mestre da Ordem Jedi.
Sendo um especialista nuclear da RAND Corporation, Marshall foi trazido por Henry Kissinger ao Conselho de Segurança Nacional que Kissinger chefiava. Marshall foi então nomeado pelo Presidente Nixon, em 1973, por recomendação de Kissinger e do Secretário de Defesa, James R. Schlesinger, para dirigir o Office of Net Assessment, um ‘think tank’ interno secreto do Pentágono.(12)
Marshall foi reconduzido por todos os presidentes a partir de então, um feito superado apenas pelo falecido Director do FBI, J. Edgar Hoover. Andrew Marshall foi o único oficial no Pentágono de Rumsfeld, que participou no planeamento estratégico da guerra durante, praticamente, toda a Guerra Fria, começando em 1949 como estratega nuclear da RAND Corporation, mudando-se depois, para o Pentágono, em 1973.
Permaneceu lá, desde então, apesar dos esforços de alguns Secretários da Defesa para se livrarem dele. O seu cargo público, de aparência inofensiva, surge, resumido num sentido muito lato: avaliar os equilíbrios militares regionais e globais e determinar tendências e ameaças a longo prazo.(13)
O ‘Elo que falta’
O desenvolvimento dos sistemas Nucleares de ‘First Strike’ não morreu com o fim da Presidência de Nixon. Entre Agosto de 1977 e Julho de 1980, o Presidente Jimmy Carter emitiu uma série de directrizes presidenciais - PD 18 a PD 59 - pedindo: 
     1) o desenvolvimento de armas anti-satélite (ASAT) para destruir o sistema de alerta soviético; 
    2) decapitação da liderança soviética através de mísseis Pershing II de alta precisão;
      3) instalação do Counterfource ‘First Strike’ nuclear, que destruiria quase todas as armas nucleares soviéticas. No final da sua Presidência, Carter “havia autorizado o maior compromisso com a guerra de qualquer Presidente da História”. (14)
Em 1972, o Tratado de Mísseis Anti-Balísticos (Tratado ABM) entre Moscovo e Washington impôs limites rigorosos ao desenvolvimento ou instalação da Defesa de Mísseis Balísticos, embora não impedisse pesquisas intensas sobre esses sistemas. Foi o que o Presidente Ronald Reagan proclamou ao mundo, em Março de 1983, quando propôs a Iniciativa de Defesa Estratégica (SDI), que a imprensa rapidamente denominou como 'Guerra das Estrelas'.
De acordo com o Tenente Coronel Robert Bowman, antigo chefe da pesquisa secreta sobre SDI do Presidente Carter, a defesa anti-míssil permaneceu em 2009, ‘o elo que faltava para a capacidade de um First Strike’ . (15)
O ‘establishment’ militar e político dos Estados Unidos não abandonou o objectivo do First Strike nuclear por um minuto, apesar do fim da Guerra Fria em 1990, com a dissolução da União Soviética e a independência dos antigos países do Pacto de Varsóvia. As elites do poder de Washington estavam mais determinadas do que nunca a assegurar o grande prémio: o domínio global através da Supremacia Nuclear.(16)
Andrew Marshall, 87 anos, chefe do planeamento de futura guerra  do Pentágono, conhecido como "Yoda" do Departamento de Defesa - está por trás da estratégia da guerra no Iraque, da Revolução nos Assuntos Militares e dos planos de defesa antimísseis do Pentágono.
Times observou que Andrew Marshall estava por trás de algumas das principais decisões estratégicas dos anos Reagan:
A sua estratégia de uma guerra nuclear prolongada - baseada na modernização de armas, na protecção dos líderes governamentais contra um ‘First Strike’ e uma versão inicial de Guerra das Estrelas - efectivamente reduziu à pobreza, a máquina de guerra soviética. Defendeu o fornecimento de mísseis Stinger altamente eficientes, aos combatentes da resistência afegã.
Os apoiantes apelidam o Sr. Marshall de vândalo e deliberadamente ambíguo. Os seus difamadores preferem paranóico ou pior. Ninguém nunca o chamou de palrador. Num seminário de guerra futura que ele patrocinou, o Sr. Marshall murmurou algumas palavras introdutórias e depois ficou em silêncio, sobrancelhas arqueadas, braços cruzados, durante os dois dias restantes. A sua única intervenção surgiu no final. Ele sugeriu que, quando se tratasse do futuro, seria melhor errar por não ter imaginação. Depois essa experiência, compreendi melhor por que motivo ele era alcunhado de Yoda do Pentágono.(17)
Andrew Marshall fazia parte de um grupo formado quase 50 anos antes, na RAND Corporation da Força Aérea, um ‘think tank’ em Santa Monica, Califórnia. Formado em Economia pela Universidade de Chicago em 1949, juntou-se a um grupo de estrategas da guerra do futuro, cujo trabalho era, nas palavras do especialista em engenharia nuclear da RAND, Herman Kahn, ‘pensar o impensável’. Por outras palavras, treinaram jogos de guerra nuclear e imaginaram cenários horríveis.
Na RAND, Marshall trabalhou não só com Herman Kahn  - um modelo para o Dr. Strangelove de Stanley Kubrick (18) - mas também com Albert Wohlstetter, uma das primeiras mentes eruditas, orientadoras dos falcões neoconservadores da administração Bush.
Enquanto estava na RAND, Marshall e vários colegas desempenharam um papel importante, embora oculto, nas eleições presidenciais de 1960, quando desempenharam funções como conselheiros de John F. Kennedy e criaram a falsa 'falha de mísseis', que JFK usou para derrotar Richard Nixon. (19)
Exames posteriores aos arquivos presidenciais e a outros materiais confirmaram que Kennedy estava genuinamente convencido dos relatórios emanados pelo Pentágono, particularmente da Força Aérea, que era próxima ao pessoal da RAND, de que os soviéticos teriam uma capacidade esmagadora de mísseis balísticos intercontinentais muito superior à dos Estados Unidos, no início dos anos 60. Quando ele, como Presidente, percebeu que tinha sido enganado, esse facto provocou, claramente, a sua profunda desconfiança em relação ao Pentágono e à CIA.(20)
No final dos anos 60, Andrew Marshall substituiu James Schlesinger  como Director dos estudos estratégicos da RAND. A busca de Marshall de uma estrutura para organizar e orientar o programa de estudos estratégicos de guerra da RAND conduziu ao seu relatório, ‘Competição a Longo Prazo com os Soviéticos: Uma Estrutura paraAnálise Estratégica’, publicada em 1972. 
Como um analista referiu:
Desde a década de 1980, o Sr. Marshall tem sido o promotor de uma ideia ... designada como RMA, ou a ‘Revolução nos Assuntos Militares’. A RMA, em termos gerais, considera que os avanços tecnológicos mudaram a própria natureza da guerra convencional. Em vez de conflitos conduzidos por tropas terrestres, a nova guerra convencional será conduzida quase como uma guerra nuclear, gerida por defesa estratégica e por computadores, em locais remotos, apontando mísseis aos inimigos.
O campo de batalha, como foi conhecido outrora, já não existe. A guerra, no vocabulário da RMA, será conduzida por satélites espiões e mísseis de longo alcance, por vírus de computador que desactivarão os sistemas ofensivos e defensivos dos inimigos e por um sistema de defesa em ‘camadas’, que tornaria os EUA impenetráveis.(21)
Para a maioria  sob o governo Clinton, durante a década de 1990, Marshall e os seus protegidos envelheciam, na obscuridade burocrática em vários lugares. Nem os avanços tecnológicos nem o clima político existia para possibilitar a RMA.
Então, durante a campanha presidencial de 2000, Bush prometeu uma "revisão imediata e abrangente das nossas forças armadas". Precisamente após algumas semanas sob a nova Administração, o novo Secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, ordenou que essa revisão fosse realizada. Foi executada pelo velho amigo de Rumsfeld, Andrew Marshall.
Marshall conheceu Rumsfeld e Dick Cheney quando cada um deles desempenhava as funções de Secretário da Defesa, na década de 1980 e no início da década de 90, respectivamente. Marshall teve imensa influência sobre as suas visões da guerra moderna e do destacamento de forças militares. De facto, foi ele que as delineou.
Os  ‘Cavaleiros Jedi’ de Marshall
Alguns indivíduos em Washington consideravam que Marshall era um neoconservador. De facto, Marshall representava o consenso da comunidade militar e de inteligência/serviços secretos do ‘establishment’ dos EUA, que ajudou a apoiar e a criar os falcões de guerra neoconservadores como uma voz poderosa, na política externa dos EUA.
Toda a estratégia militar de Bush provinha de uma rede unida de protegidos Marshall. Um olhar mais atento aos principais protegidos que trabalharam com ele no Pentágono, ao longo dos anos, era revelador. Incluía todos os arquitectos da ‘Operação Choque e Pavor’, a desastrosa estratégia de guerra do governo Bush no Iraque.
Entre os protegidos de Marshall estava Donald Rumsfeld. Rumsfeld era o chefe de Andrew Marshall, tanto em 1977, quando Rumsfeld agiu como Secretário da Defesa do Presidente Gerald Ford e, novamente, a partir de 2001 até à sua renúncia forçada em 2006 como o ‘bode expiatório’ da derrocada do Presidente Bush, no Iraque.
Desde 1974, Rumsfeld era o Chefe do Estado Maior da Casa Branca, do Presidente Ford até 1975, quando foi nomeado Secretário da Defesa, durante o mandato de George H. W. Bush, como Director da CIA. A colaboração de Rumsfeld e Bush Sénior, seria de longa data, embora, na época, Bush Sénior suspeitasse que Rumsfeld o tivesse nomeado como chefe da CIA, a fim de diminuir a sua possibilidade de se tornar Presidente.(22)
A seguir :
A falsidade da equipa B de Rumsfeld e Bush
Tradutora: Maria Luísa de Vsconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com

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