MANLIO DINUCCI
GUERRA NUCLEAR
O PRIMEIRO DIA
De Hiroshima até hoje:
Quem e como nos conduzem à catástrofe
6.4 A segunda guerra contra o Iraque.
O plano dos Estados Unidos de atacar e ocupar o Iraque torna-se evidente quando, depois da ocupação do Afeganistão, em Novembro de 2001, o Presidente Bush o coloca, em 2002, no primeiro lugar entre os países que fazem parte do «Eixo do Mal».
Depois da primeira guerra do Golfo, em 1991, o Iraque foi submetido a um férreo embargo que, em dez anos, provocou cerca de um milhão de mortos, dos quais, cerca de meio milhão eram crianças. Um massacre provocado, mais do que a desnutrição crónica e a falta de medicamentos, pela carência de água potável e pelas consequentes doenças infecciosas e parasitárias. Os Estados Unidos – demonstram-no documentos vindos à luz mais tarde – executaram um plano preciso: primeiro bombardearam as instalações de depuração e os aquedutos para provocar uma crise hídrica e, assim, impedir com o embargo, que o Iraque pudesse importar os sistemas de depuração. As consequências sanitárias eram previstas, claramente, desde o início e programadas de modo a acelerar o colapso do Iraque. Outras vítimas são provocadas, nos anos seguintes à primeira guerra, pelos projecteis de urânio empobrecido, usados maciçamente pelas forças americanas e aliadas, quer nos bombardeamentos aéreos, quer nos terrestres. No entanto, a segunda guerra contra o Iraque, revela-se ainda mais difícil de encorajar do que a que foi levada a cabo em 1991. Ao contrário de então, o Iraque de Saddam Hussein não cometeu nenhuma agressão e respeita a Resolução 1441 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, permitindo aos inspectores da ONU entrar em todos os sítios para verificar a existência eventual de armas de destruição em massa (que não foram encontradas). Consequentemente, torna-se mais difícil aos Estados Unidos, criar uma motivação «legal» para a guerra e, nesta base, obter uma aprovação internacional análoga à de 1991.
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